
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou ontem (20) os resultados da mais nova edição do Projeto Mapear, revelando 1.333 pontos com algum grau de risco para exploração sexual de crianças e adolescentes nas BRs catarinenses. Deles, mais de 200 se localizam na região Oeste, e o município com maior concentração da região é São Miguel do Oeste, com 36 pontos de risco.
O levantamento utilizou uma metodologia que cruza entrevistas com profissionais do transporte, comerciantes locais, moradores e dados de inteligência policial, além de ferramentas de georreferenciamento para maior precisão. A presença de infraestrutura de apoio ao transporte rodoviário, como postos de combustíveis, restaurantes e locais de descanso, contribui para a ocorrência de pontos vulneráveis.
Dos 36 pontos de vulnerabilidade identificados em São Miguel do Oeste, tanto na BR-153 quanto na BR-282, 14 se tratam de prostíbulos, oito são casas de show, seis são bares, cinco são moteis e um é posto de combustível. Em Chapecó, segundo maior município da região em número de pontos de risco, existem 21 locais de vulnerabilidade, sendo 14 na BR-480 e sete na BR-282, consistindo em nove postos de combustíveis, seis pontos de alimentação, e seis outros pontos entre bares, moteis, hospedarias e outros comércios.
Campos Novos também possui 21 pontos de vulnerabilidade, sendo 19 na BR-282. São José do Cedro possui 20 pontos, Concórdia e Ponte Serrada possuem 16 pontos cada, Joaçaba possui 14 pontos, Descanso teve identificados 13 pontos e Xanxerê possui 12 pontos. Os demais municípios do Oeste citados possuem menos de 10 pontos identificados.
O que é o projeto?
O Projeto Mapear, da PRF, é um levantamento bienal de risco, e não um mapeamento de casos confirmados. Os pontos identificados representam locais com maior probabilidade de ocorrência de exploração sexual de crianças e adolescentes, segundo critérios técnicos previamente estabelecidos.
A classificação do risco leva em conta a circulação de pessoas, as características socioeconômicas da região, a presença de infraestrutura de parada para caminhoneiros e outros fatores considerados de risco. Assim, a existência de um ponto no mapa não significa, necessariamente, que ali haja exploração sexual em curso, mas sim que o local demanda atenção e ações preventivas prioritárias.
O mapeamento é feito pelos próprios policiais. A partir do momento em que um local é identificado, o agente faz o registro em um sistema e atribui uma classificação de risco: baixo, médio, alto ou crítico. A quantidade de pontos de vulnerabilidade mapeados não depende apenas da presença do problema em si, mas do quanto o risco está visível. Extensão da malha rodoviária, fluxo intenso de cargas, presença de grupos sociais vulneráveis e, sobretudo, capacidade de fiscalização e de denúncia compõem esse cenário.
Assim, estados com malha rodoviária mais vascularizada costumam apresentar mais pontos no mapa. Por meio do Mapear, a PRF direciona ações preventivas e repressivas de forma mais eficaz contra a exploração sexual de crianças e adolescentes. Esta prática criminosa representa uma forma brutal de violência que envolve troca de favores, presentes ou dinheiro, e causa danos profundos às vítimas, que frequentemente já tiveram outros direitos violados.
Recadinhos
*Um exemplo de ação com base nas informações do Projeto Mapear são as várias fases da Operação Domiduca, no calendário regular de atividades da PRF.
*Desde 2023, a PRF em Santa Catarina resgatou 70 vítimas de exploração sexual ou em situação de vulnerabilidade, além de ter fiscalizado 1.695 pontos mapeados.
*Casos de exploração sexual de crianças e adolescentes podem ser denunciados pelo telefone 191, pelo Disque 100 ou por meio do novo portal do Projeto Mapear, disponível no site da PRF.
*Todas as denúncias são anônimas, interrompem ciclos de violência e garantem proteção às vítimas. Se você tem alguma informação concreta sobre exploração sexual de menores, não titubeie, denuncie!